Por Penha Peterli
Psicopedagoga Clínica e Institucional, Terapeuta Familiar, com curso em Psicologia Analítica Junguiana e Consultora em Educação e Pós Graduando em Neuropsicopedagogia Clínica.
Elaine, 45 anos ligou para o consultório aflita, com voz trêmula e lenta. Solicitou uma avaliação para sua filha Maira, 14 anos, cuja queixa era dificuldade de aprendizagem e baixa produtividade escolar.
Após o primeiro atendimento à Elaine, percebi que se tratava de uma família que funcionava através de conflitos. Ela vivenciava um sofrimento psíquico e disse ter diagnóstico de depressão e que fazia acompanhamento com uma terapeuta e um psiquiatra, também usava medicamentos.
Maira, apresenta obesidade, baixa da autoestima e sentimento de menos valia. Expressou também seu sofrimento em conviver nessa família cujos pais expressam verbalmente a vontade de separar-se, mas não o fazem. Ela mora com a irmã de 18 anos que faz faculdade e que também encontra dificuldade de relação entre os familiares. Os pais moram no interior do estado e mesmo à distância as brigas continuam por telefone ou nas visitas.
O pai Sr. Carlos, 55 anos, passou por uma cirurgia cardíaca e encontra-se muito preocupado com as filhas. Procura ajudar, porém encontra-se um tanto inseguro e fragilizado. Isso trás para Maira medo de perder o pai e culpa por sua doença.
Nessa família há sofrimento psíquico em seus membros a qual se percebeu a somatização nos aspectos nos aspectos a seguir: síndrome depressiva da mãe.
Segundo Dalgalarrondo (2008), existe um agrupamento de sinais e sintomas numa visão psicopatológica no que se refere a depressão e destaca alguns sintomas afetivos observados nessa mãe na conversa telefônica e entrevista, como tristeza, sentimento de melancolia, choro fácil, sentimento de tédio, de aborrecimento crônico, angústia, ansiedade e desesperança.
No que se refere à Maira, paciente adolescente que nesse momento apresenta baixa produtividade escolar e como psicopedagoga investiguei os fatores psicogênicos, isto é, se a dificuldade é sintoma (o não aprender possui um significado inconsciente) ou se é inibição cognitiva (em que acontece uma retração intelectual do ego).
As hipóteses das primeiras sessões foram sendo confirmadas que a dificuldade escolar da paciente estava voltada para os dois aspectos considerando tanto para o sintoma quanto para a inibição cognitiva.
“O problema de aprendizagem que constitui um “sintoma” ou uma “inibição” toma forma em um indivíduo, afetando a dinâmica de articulação entre os níveis de inteligências, o desejo, o organismo e o corpo, redundando em um aprisionamento da inteligência e da corporeidade por parte da estrutura simbólica inconsciente. Para entender seu significado, deveremos descobrir a funcionabilidade do sintoma dentro da estrutura familiar e aproximar-nos da historia individual do sujeito e da observação de tais níveis operando. Para procurar a remissão desta problemática, deveremos apelar a um tratamento psicopedagógico clínico que busque libertar a inteligência e mobilizar a circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar.”
(Fernandes , 1991, p.82)
Rogozinki (2004) narra que o sintoma na aprendizagem pode procurar conciliar mensagens paradoxais. As famílias possuem um certo tipo de comunicação que implica uma postura ambivalente em relação ao estudo e ao sucesso escolar dos filhos. Se por um lado, expressam o desejo de que a família tenha um representante bem sucedido academicamente, atestado socialmente valorizado de um bom funcionamento do sistema, por outro lado, o conhecimento construído fora do âmbito familiar assusta que introduz, tal diferença significada como separação e abandono. É como se, em se tratando de uma criança ou adolescente, a ela fosse dito: estude, aprenda, cresça, mas não pense diferente de nós, não saia de perto de sua família, ganhe autonomia somente onde nós a valorizamos.
Maira apresenta também ansiedade generalizada que para Dalgalarrondo (2008) o quadro é caracterizado por sintomas ansiosos excessivos em que a pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, nervosa, irritada, e insônia.
Considerando que o processo de aprendizagem situa-se num contexto trigeracional e que se trata de uma família que apresenta disfunções, fiz acompanhamento psicopedagógico clínico e institucional num enfoque sistêmico por um período onde trabalhei questões que ajudaram a paciente vencer algumas de suas dificuldades.
Posteriormente foi sugerida a família que entrasse num processo de terapia familiar considerando que todos os membros dessa família necessitam de fortalecimento e entender o movimento adequado que deve ser realizado nas relações conjugais, materno-filiais e relações fraternas, pois cada uma tem uma significação diferente para satisfação das necessidades de cada indivíduo. Numa terapia familiar poderá ser encaminhado um trabalho com objetivo de deslocar a função da díade (doença / cura) para uma relação de existência e cuidado, conforme explicação de Drª em psicologia Inês Badaró Moreira.
Vale lembrar que dentro de uma visão sistêmica as famílias desenvolvem uma estrutura característica, um padrão bem definido e repetitivo de papéis e regras, padrões que servem para o crescimento grupal e individual, o que não foi observado na família em questão. Percebe-se também que esta família necessita de cuidados e tem muitas possibilidades de vencer esse desafio, já que o primeiro passo foi dado, o de procurar ajuda especializada.
Através deste sofrimento psíquico esses indivíduos poderão chegar às possibilidades de crescimento grupal, individual e a paciente identificada resgatará seu vínculo com o aprender.
Caso necessitem de orientações nesse sentido, agendem a sua consulta com nossa equipe multidisciplinar.
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Psicopedagogia Clínica e Institucional,
Pós-Graduação Lato-Sensu em Psicologia Analítica Junguiana,
Intervenção Sistêmica com família/casal/individual – Terapeuta Familiar
Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional
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Atuação: Consultório Multidisciplinar: Neuropsicopedagogia, Psicopedagogia, Psicologia, Terapeuta Familiar e de Casal,
Nutricionista, Fonoaudiologia, Neurologia e Psiquiatria.