Penha Peterli, Psicopedagoga Clínica e Institucional,Terapeuta Familiar e de Casal, Consultora em Educação, com curso de Psicologia Analítica Junguiana, Pós Graduando em Neuropsicopedagogia Clínica.
- Conceito do TDA/H
Segundo pesquisas científicas, é um nome dado a uma síndrome neurobiológica que comprometem certas áreas do cérebro responsáveis pelo comando do comportamento inibitório (freio), a capacidade de executar tarefas de planejamento, a memória de trabalho (entre outras funções), determinando que o indivíduo apresente sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
De acordo com DSM-IV, o TDA/H subdivide-se em três tipos:
– Transtorno de déficit de atenção com predomínio do sintoma de desatenção
– Transtorno de déficit de atenção com predomínio do sintoma de hiperatividade
– Transtorno de déficit de atenção combinado, no qual ambos os sintomas manifestam-se
Sugestões que poderão ajudar no desenvolvimento pleno do indivíduo, no alívio dos sintomas e no equilíbrio da auto-estima, auto-conceito e autoconfiança.
- Dar instruções claras, reorganizar o trabalho para que seja mais interessante e motivador, buscar um local longe de estímulos externos tanto nos estudos em casa quanto na sala de aula.
- Perguntar a criança/ adolescente o que e em que podem ajudar e qual é a melhor forma dele aprender. Criar com ele um horário de rotina de estudos em casa, respeitando o momento que ele acha que produzirá mais.
- Respostas positivas podem ser dadas sob a forma de elogios ou cumprimentos. Usar sempre frases motivadoras e reforços positivos. Firmeza e aprovação, para encorajar o portador são fundamentais.
- Buscar o máximo de informações sobre TDA/H. Peça ao especialista que acompanha o portador para fornecer bibliografias confiáveis e adequadas.
- 5-Palestras na escola para os educadores e pais ajudam a mudar o foco de visão das dificuldades do aluno, as crenças e pensamentos disfuncionais que comprometem a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças e adolescentes.
- Procurar ser compreensivo, oferecendo apoio e incentivo, nos momentos de dificuldades, dando assistência individualizada, quando necessário. Não superproteger, ajudar somente aquilo que ele realmente não consegue.
- Estimular a autonomia e a independência irá ajudar no desenvolvimento maturacional dentro das fases normais.
- Estabelecer os combinados e regras de forma clara objetiva e compreensiva. Tenha por escrito e fáceis de serem lidas.
- Dê preferência a um momento de “indiferença”, em vez do uso de punições, em caso de comportamentos inadequados leves.
- Olhe sempre nos olhos, quando deseja orientar, nunca faça discursos prolongados e estressantes.
- Ao precisar aplicar punição, fazê-la de forma breve, com calma e imediatamente após a manifestação dos comportamentos não aceitáveis, de preferência, longe de outras pessoas.
- Ao perceber que o portador está ficando agitado ou nervoso dê tempo para ele se acalmar, peça para sair da sala de aula para respirar e tomar água, podendo assim recompor as energias necessárias para posteriormente cumprir as tarefas.
- Não fazer sermões intermináveis, de sarcasmos ou críticas que depreciam e comprometem a construção da identidade.
- Discutir as conseqüências estipuladas para o não cumprimento do que foi combinado.
- Ensinar e cobrar o uso correto e constante da agenda para uma comunicação contínua entre escola e família, para que professores e pais possam trocar experiências relevantes e o aluno fazer registros de tarefas de casa e lembretes importantes. Certificar-se com o aluno se ele copiou todo o dever na agenda.
- Estimular o desenvolvimento de hábitos de cooperação, controle da impulsividade e técnicas de relaxamento. Um ambiente sem excesso de barulho, stress e atritos favorece seu bom desempenho acadêmico e seu desenvolvimento pleno.
- Manter um vínculo afetivo com pais e professores, ajuda na atenção e memorização. Ao dar punição, fazê-lo brevemente, sem sermão, de maneira calma, imediatamente após a manifestação do comportamento inadequado. Criticar o comportamento, jamais o aluno. Não enfatizar o fracasso.
- Permitir que o aluno mude de lugar ou mesmo de tarefa, dentro de um determinado tempo, para que não fique maçante.
- Solicitar ajuda do aluno para a realização de tarefas; como buscar um objeto, dar um recado, quando perceber que necessita de propiciar uma válvula de escape, etc.
- Instruir e encorajar os bons hábitos sociais; por exemplo, dar bom dia, olhar nos olhos das pessoas, etc.
- Ajudar o aluno a solucionar conflitos e a lidar com imprevistos (perda de um livro, da agenda, etc.).
- Desenvolver trabalhos em duplas escolhendo um parceiro que possa ajudar nas dificuldades básicas do portador. O uso do sistema de monitoria também é importante.
- Deixar clara a importância da atividade e/ou do conteúdo a ser explorado pelo professor para o processo de aprendizagem.
- Use resumos. Simplifique as instruções e incentive a leitura em voz alta.
- Use recursos pedagógicos variados como: música teatros e incentive o uso de canetas coloridas, marcadores de textos. Alternar tarefas de baixo e alto interesse e os níveis de dificuldades.
- Ajudar na organização dos materiais escolares e de sua mesa e da mochila.
- Estimular o aluno a se auto-avaliar e a se questionar: Será que já fiz tudo o que precisava? Estou me esquecendo de algo?
- Reforçar cada passo do trabalho do aluno, reconhecendo seus pontos fortes, aquilo que há de bom nele e seus esforços despendidos. Valorizar mais o esforço aplicado do que o produto final. Por exemplo, em um exercício de dez questões, e ele conseguiu apenas seis, mas esforçou-se, isso é o que vale e deve ser levado em conta. Não compare sua nota com a de outros alunos.
- Lembrar que há uma forte atração por novidades, despertando-lhe e incentivando a criatividade orientada, proporcione isso nas aulas. Ao sentir prazer em realizar algo, a área do cérebro responsável por isso, é ativada e consequentemente sua atenção também.
- Estimular o aluno a completar as tarefas, mas lembrar que o tempo que um portador de TDA/H leva para fazer a lição costuma ser três vezes maior que seus colegas.
- Premiar sempre o aluno quando observar um esforço em manter-se em uma tarefa ou demonstrar bom comportamento com um gesto, um olhar, um sorriso ou até com frases fortes do tipo: Gostei! Você é demais! Bacana! Continue assim!
- Lembrar que o aluno não é indolente ou preguiçoso. O TDA/H é uma deficiência real, é uma síndrome neurobiológica.
- Na escola, nos planejamentos, pense no aluno e faça adaptação curricular para que o aluno assimile o conteúdo sem precisar copiar tudo, escrever exige muita atenção e esforço motor. Aos poucos ele irá adquirindo maturidade e capacidade de dar conta. Importante não esquecer de considerar sempre o potencial máximo do aluno.
- Conflitos em família e com professores, constantes devem ser resolvidos, a afetividade conta muito. Portadores que convivem em ambientes de tensão constante, sofrendo impactos emocionais fortes, tendem a desenvolver outros transtornos considerados co-morbidade,que podem tornar o quadro muito mais complexo.
- As avaliações são partes importantes do processo de ensino aprendizagem. Deixe claro para o portador que se houver necessidade ele terá um tempo maior e/ou um outro momento para a conclusão da avaliação, a tranqüilidade passada poderá o ajudar na conclusão da mesma no tempo previsto, com sucesso.
- Trabalhar com a turma a importância de uma postura corporal correta que ajudará na concentração e memorização, lembrando que portadores podem apresentar essa dificuldade. O professor de Educação Física pode ajudar muito nesse sentido.
- Reconheça os sentimentos do portador com frases com: “Sei que cansou”, “Deve estar difícil para você”, “Às vezes dá vontade de desistir”, etc.
- Não fale muito, aja! O portador não apresenta falta de inteligência, de habilidade ou de raciocínio; portanto simplesmente falar não alterará o problema neurológico. Ele é muito mais sensível a conseqüências e respostas que você usa e muito menos sensível a seu raciocínio do que uma criança e/ou adolescente não-portadora de TDA/H.
- Pratique o perdão, lembre que o portador não consegue controlar sempre o que faz e merece ser perdoado. Isso não significa que ele não necessite ser responsabilizado pelas ações inadequadas. Significa que você deva deixar para trás a mágoa e garantir uma boa convivência de afetividade.
- O TDA/H afeta o portador em diversas áreas de sua competência pessoal e no relacionamento inter e intrapessoal, comprometendo o equilíbrio de sua auto-estima e auto- imagem. Ofereça oportunidades para ajudá-lo nesse sentido com uma terapia eficiente.
- Quando o portador faz uso de medicamentos, é importante que sejam registrados os avanços e/ou retrocessos durante os intervalos das consultas médicas, e passados para o médico a cada consulta para que ele possa avaliar e o ajude nesse processo no sentido do cálculo da dosagem a ser administrada, etc.
- O portador impulsiona o professor a uma constante reflexão sobre sua atuação pedagógica, obrigando-o a uma flexibilização em sua atuação. Ele precisa trabalhar de forma simultânea com o grupo e com o individual, respeitando as diferenças de cada um.
- Combinar sinais secretos de chamar atenção ou lembrar acordos. Estimular o interesse e a motivação.
- Fazer os encaminhamentos adequados (acompanhamento psicopedagógico, fonoaudiológico), o professor não dá conta de questões que exigem terapia clínica. Entender o desenvolvimento do adolescente e o impacto do TDA/H sobre ele é uma forma de enxergar as dificuldades com maior compreensão.
- Dar opções da realização de trabalhos sob diversas formas – usando o computador para escrever, etc.
- Chamar a atenção das condutas corretas e não dos erros somente. Não confundir erro de fracasso, pois fracasso vai de encontro negativo com a identidade em construção do portador e erro pose ser corrigido.
- Vale lembrar que o autoritarismo já foi abolido da educação de qualidade e atual, o diálogo é o melhor caminho de se educar.
- Importante que os pais estejam sintonizados no acompanhamento escolar, na terapia e nas consultas médicas. Delegar essa responsabilidade somente para um causa stress, grandes prejuízos e dificulta os avanços dos tratamentos.
- Lembrar que o tratamento adequado deve ser de forma multidisciplinar, envolvendo a terapia e o fármaco, na maioria dos caso.
- Proporcione atividade física regular para o portador e estabeleça os horários de dormir e de acordar de forma que o portador durma somente o suficiente para seu bom desenvolvimento.
- Escolha a escola cuidadosamente, a melhor escola é a que leva em conta o desenvolvimento pleno da criança/adolescente e que esteja aberta a educação inclusiva demonstrando interesse em ajudar seu filho.
- O desempenho acadêmico é importante, mas não deixe o foco da atenção para esse aspecto somente. Exercite a ver e valorizar todas as habilidades do portador como por exemplo sua sensibilidade, criatividade, inteligência, o raciocínio etc.
- Não se concentre apenas naquilo que você quer que seu filho/aluno faça; é preciso que você procure compreender o quanto pode ser difícil para ele fazer o que se pede. Procure primeiro compreender para depois ser compreendido.
- Lembre-se de que não existe apenas um caminho correto para educar, esteja aberto a novas idéias. Você é gerente de caso da vida de seu filho/aluno. É o advogado e o anteparo da criança e/adolescente para o excesso de crítica e rejeição.
Conclusão
A presença de professores e pais compreensivos e que dominem o conhecimento a respeito do transtorno, a disponibilidade de sistemas de apoio e oportunidades de se engajar em atividades que conduzem ao sucesso em sala de aula e em família são imperativas para que um portador de TDA/H possa desenvolver seu potencial máximo.
Se os desafios forem enfrentados, percebe-se uma oportunidade de auto-desenvolvimento e realização como pais e professores. O investimento direto em tempo e energia retornará como felicidade e bem estar do portador. Saber que você é querido por tal criança/adolescente pode trazer à sua vida um propósito mais profundo que muitas outras coisas.
Alguns pais e/ou professores parecem ter atingido um estado de fracasso na condução da educação que poderia ser descrito como sendo um estado de “impotência aprendida”, começam a deixar fazer o que lhes agrada. Começam a se libertar do portador. É o momento de procurar ajuda profissional, pois não se desiste de educar, a educação é um processo e os desafios são alavancas para uma nova retomada e acertos.
Em caso de necessidade, agende a sua consulta com nossa equipe multidisciplinar.
(27) 988213477
E-mail: psicopeterli@hotmail.com
Psicopedagogia Clínica e Institucional,
Pós-Graduação Lato-Sensu em Psicologia Analítica Junguiana,
Intervenção Sistêmica com família/casal/individual – Terapeuta Familiar
Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional
Consultora em Educação.
Atuação: Consultório Multidisciplinar: Neuropsicopedagogia, Psicopedagogia, Psicologia, Terapeuta Familiar e de Casal,
Nutricionista, Fonoaudiologia, Neurologia e Psiquiatria.